domingo, 28 de maio de 2017

Empresário, dono da Grendene, admite ter dado carona para Cid Gomes

 



FORTALEZA - O empresário Alexandre Grendene, dono da indústria de calçados Grendene, confirmou nesta quarta-feira que o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), viajou de férias para os Estados Unidos em seu jato particular, em janeiro, mas disse que foi uma carona. O empresário disse não ver ilegalidade na carona:

- Eu não emprestei (o jatinho). Eu fui. É diferente. Qual o problema de eu dar uma carona? Eu ia para lá, tinha lugar, e ele (Cid) é meu amigo há 20 anos.

A Grendene tem três fábricas no Ceará e contribuiu com duas campanhas eleitorais de Cid para o governo (em 2006 e 2010). Ainda com a barba que deixou crescer durante as férias, Cid disse não ter satisfação a dar:

- Eu não vou fazer declarações sobre o período entre o dia 19 e 29 de janeiro em que eu estava licenciado do governo e tirei 10 dias de férias. Não vou dizer o que fiz, o que não fiz, porque isso é uma coisa particular. Eu estava de férias.

Na entrevista coletiva, o governador se recusou quatro vezes a confirmar se havia viajado no avião do empresário. Alegou que não falaria sobre especulações da imprensa. Além de Grendene e sua esposa, foram para Miami no vôo o governador e a mulher, Maria Célia Habib Moura, o empresário Júlio Ventura, e a cuidadora dos cães de Grendene.

O empresário disse não ser privilégio dele receber incentivos fiscais do governo do estado. Lembrou que há empresas no Ceará com incentivos muito maiores que os da Grendene.

- Não é privilégio meu ter uma fábrica incentivada em Sobral. É uma opção. Qualquer brasileiro que queira botar uma fábrica lá, eles vão agradecer muito. As regras (do incentivo) estão na lei. Ao todo, a Grendene dá emprego a cerca de 40 mil pessoas no Ceará.

Cid afirmou que não responderá sequer ao requerimento do deputado estadual Heitor Férrer (PDT), que irá a votação nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa, pedindo informações. Como Cid tem maioria, o requerimento nem deverá ser aprovado.

- Eu não vou responder sobre nada que diga respeito à minha vida pessoal. Sobre a minha privacidade, não vou dar informação a deputado nenhum. Só faltava essa agora: um deputado me perguntar o que eu faço no meu momento de privacidade. Não tenho satisfação a dar a ele sobre isso.

Quanto ao fato de ser um homem público, completou:

- Mas eu distingo muito bem as coisas. Acho que devo ter minha privacidade.

Cid disse que a concessão de incentivos segue critérios legais e é definida por um colegiado e não pelo governador.

- Vincular incentivo fiscal a essa amizade não é correto porque todos (os ex-governadores) concederam (à Grendene). E no meu governo, o critério é objetivo. É só ver se eu feri a lei, se o conselho feriu a lei.

Fonte: O Globo


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