sexta-feira, 26 de junho de 2015

Que não percamos a indignação


Tarcisio Bezerra - advogado

Rola na internet um vídeo do cantor Cristiano Araújo sendo aberto na funerária durante o embalsamento, num completo desrespeito à imagem do mesmo. Imaginemos a reação dos filhos do cantor ou dos pais, amigos e familiares ao se depararem com tais cenas. O pior é que muitos registram e divulgam as imagens sem parar para pensar nisso.

Diante da exacerbada exposição de imagens dessa natureza, fruto do fato de todo mundo agora ter uma câmera na mão e a facilidade de divulgação nas redes sociais, temo que isso venha a tornar as pessoas menos sensíveis e, assim, não mais se comoverem com a desgraça alheia.

Com isso, ver uma pessoa morta, mesmo aos pedaços, pode vir a se assemelhar a ver um gado esquartejado no balcão de um frigorífico. A banalização dessas imagens pode fazer com que o cadáver de uma pessoa e o de um animal passe a ter uma diferença muito sutil.

Tal insensibilidade pode vir a fazer com que o ser humano perca a indignação por tais cenas, fazendo com que um homicídio, num futuro bem próximo, passe a ser visto como algo perfeitamente normal, impactando até mesmo no aumento da criminalidade. Enfim, a vida passa a ter cada vez menos valor. É possível até que já estejamos começando a viver isso.

Uma execução a tiros só se via em filmes de faroeste. Recente se divulgou um vídeo de um rapaz executando outro com mais de vinte tiros, onde a moça que filmava no celular pedia pra atirar no rosto e lamentava o fato de não deixar que a mesma também participasse do trabalho.

O que era restrito a um grupo pequeno de profissionais da área médica ou criminal agora se espalha a passos largos a toda a sociedade. Parece até que todo mundo quer dar um furo de reportagem, tarefa anteriormente apenas realizada por cinegrafistas e que apenas os jornais mais bizarros divulgavam. As redes sociais hoje agilizam tal exposição sem nenhum critério.
Roguemos para que não percamos a indignação!

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