O restaurante popular de Sobral foi, certamente, o mais
resistente à reabertura, após o período da pandemia, isto devido à falta de
sensibilidade do poder público diante dos apelos dos dependentes do local que,
quando em atividade, servia cerca de 1.200 refeições por dia, favorecendo principalmente
aos mais necessitados.
Quando a esperança já saia do verde para o amarelo, eis que aparece o SESC e restabelece
o serviço, contudo, de um modo diferenciado quanto à cobrança, que passou da
bandeja ao peso, chegando a custar cerca de R$ 100 gramas de alimentos,
quantidade incapaz de saciar à fome de quem não se alimenta de forma regular. Desta
feita, o que parecia ser tudo alegria, passa a ser um pesadelo para os que não
faturam no dia o necessário para pagar um prato com mais de 500 gramas, que se
equipara ao dos demais restaurantes de pequeno e médio porte da cidade.
O SESC, certamente não foi informado de que Sobral é um reduto de pessoas
carentes e candidatas à total miséria, caso prevaleça esse modelo de gestão por
mais tempo. Basta ver como está o comércio, minguando dia a dia e causando
desemprego e prejuízo para a economia regional.
Em síntese, os mais pobres de Sobral não frequentarão o restaurante popular, a
não ser quando passarem à condição de morador de rua, público com direito a
comer de forma gratuita. Tal episódio demonstra que a espera dos sobralenses
pela reabertura do restaurante se equipara aos trechos música Cidadão, tão bem
interpretada pelo cantor Zé Ramalho.