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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Quintino Cunha: o pai do humor cearense




Vem crescendo nos últimos anos e a passos largos o número de pesquisadores que tem dedicado suas reflexões sobre o legado do cearense Quintino Cunha. Prova disso é o número cada vez maior de publicações e sites que analisam a biografia desse brilhante advogado nascido em São Francisco de Uruburetama, atual Itapajé, e que é tido atualmente por especialistas e historiadores como o precursor da irreverência bem humorada do cearense. 

Hoje, a maioria do povo cearense, inclusive seus conterrâneos itapajeenses, de forma injusta, não conhecem a vida de Quitino Cunha e nem tampouco nunca reconheceram o mérito da sua obra, mesmo ele tendo sido considerado por figuras importantes da sua época como “o maior humorista brasileiro de todos os tempos”. 

Apesar do descaso, a cada dia jornais, sites e blogs vêm divulgando sua biografia, seus poemas e suas tiradas bem humoradas, para que sua obra não caia no esquecimento. Segue abaixo uma compilação do que vem sendo escrito sobre a vida e obra de Quitino Cunha.

De todos os humoristas do Ceará, o mais engraçado talvez seja Quintino Cunha. Contam que, quando sua casa foi invadida por alguns ladrões que, em seguida, foram presos, como ninguém queria defender os larápios, no Tribunal, ele se apresentou para ser o advogado da quadrilha! Já precisando viajar de uma cidade para outra, no interior do Ceará, e não tendo um cavalo para se locomover, mandou pedir um a um determinado coronel. O cavalo chegou. Mas era tão magro que Quintino, vendo aquilo, mandou o seguinte bilhete para o dono do cavalo: “Coronel, recebi os ossos. Pode mandar a carne agora”! Conversando com um homem que tinha o bigode grosso e torcido para baixo da boca, Quintino percebeu que quando aquele homem dizia uma frase citava, logo em seguida, o autor dela. Irritado com isso, o humorista cearense que, ainda por cima, estava pagando a conta, perguntou ao outro, a certa altura, se ele tinha aquele bigode assim, feito aspas, porque tudo o que saía e entrava nela era dos outros. 
O homem, certamente, ficou calado depois desta.
Quintino certa vez fazia uma viagem de trem para Cariús(CE), mas no caminho havia uma parada em Iguatu(CE). Era o dia da inauguração do novo prédio do Fórum. Alguns colegas, ao encontrarem Quintino na estação, convidaram-no para participar da solenidade.
Mal-humorado, Quintino perguntou:
– Quem é o juiz?
– É o Doutor Fulano.
– O promotor?
– Sicrano.
– E o advogado?
– Beltrano.
Desdenhoso, o matreiro advogado torceu o nariz e resmungou:
– Pois isso não é um Foro! É um desaforo!
Conta-se que, numa audiência em Fortaleza, um professor de hipnose era acusado de furto.
A certa altura, disse este, em sua defesa:
– Se eu quisesse fugir, poderia fazer todos aqui dormirem!
O advogado Quintino Cunha, que acompanhava a audiência, interveio:
– Não é preciso, deixe isso a cargo de seu advogado!
Noutra feita, corria uma audiência quando o causídico adversário disse:
– Doutor Quintino, eu estou montado na lei!
– Pois saiba que é muito perigoso montar num animal que não conhece bem!
Notícia de época, datada da primeira metade do século passado, sobre o folclórico advogado cearense Quintino Cunha:
“Com a presença de 23 jurados, realizou-se uma segunda reunião da presente sessão do júri. Compareceram à barra do Tribunal os réus José Boa Ventura e José Correia Lima, acusados de roubo na casa de residência do Dr. Quintino Cunha, que os defendeu. Ambos foram absolvidos por unanimidade de votos...”
Esse era o jeito brincalhão do nosso conterrâneo poeta-advogado Quintino Cunha...

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