Foto ilustrativa |
Vendo o vai-e-vem das motocicletas e dos transportes escolares carregando os estudantes para suas escolas, me vêm a lembrança das caminhadas rumo ao Colégio Estadual: uma maratona diária que exigia esforço e compromisso com o aprendizado. A lembrança retrata também os professores, as salas de aula, os passatempos da hora do recreio e, de forma especial, as alunas, com suas blusas de tergal branco, saias azul-marinho plissadas e engomadas no grude, sapatos colegial em couro e meias alvas.
Era lindo o cenário. Elas passavam aos milhares em direção ao Colégio, misturando uma variedade de perfumes ao calor e o cansaço, mas, todavia, sem alterar a postura. Cada uma era um monumento à sua própria imagem, um colírio aos olhos apaixonados, que se postavam às margens do caminho para ver o desfile daquelas musas em busca do saber. Tirar essas imagens da mente é diminuir a massa encefálica, perder a noção do tempo, esbarrar-se na escuridão da insensatez.
Em se falando da beleza das estudantes, não se pode deixar de enfatizar também a ação dos estudantes de modo geral, que muito contribuíram com o crescimento ideológico, cultural e social desta terra. É importante lembrar a participação deles no combate à repressão, que se instalou com a ditadura militar, inspirados nos estudantes de Paris que, em 1968 resolveram reagir contra as instituições e criaram o "Maio de 68", cuja palavra de ordem era: "É proibido proibir".
Os estudantes de Sobral da minha lembrança eram destemidos, unidos e organizados em seus movimentos. Criavam Diretórios, Grêmios e jornais em suas escolas, participando, ativamente, de lutas em busca de seus direitos. Eram as chamadas militâncias, atualmente em regresso pela falta de idealismo.
Silveira Rocha
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